terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Entrevista dada por mim no Portal IG - Menina Boneca ou Menina Moleca!

Menina moleca ou menina boneca

Por que os pais não precisam se preocupar se as filhas querem brincar de espada, como Shiloh Jolie-Pitt, ou se preferem usar salto alto, como Suri Cruise

Danielle Nordi, iG São Paulo
  • Ninguém precisa checar um exame de ultrassom da grávida para descobrir o sexo da criança: basta entrar no quarto preparado pelos pais para perceber se será menina ou menino. “A educação começa diferente já no útero da mãe”, analisa Ana Paula Miessi Sanches, psicóloga especializada em crianças pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Foto: Grosby Group/Brainpix Ampliar
Suri usa tiara, meia calça e casaco de pele, enquanto Shiloh aparece de camiseta com costura de gravata: estilos opostos delineiam perfis que costumam preocupar os pais

Será que essa divisão é tão importante a ponto de ser motivo de preocupação para os pais? Isso não parece ser o que pensa o casal de astros Angelina Jolie e Brad Pitt. Pais de seis filhos, eles demonstram lidar naturalmente com a preferência da filha Shiloh, 5, por tudo que faça parte do universo masculino. Com características opostas, Suri Cruise, 5, filha dos atores Tom Cruise e Katie Holmes, parece fascinada pelas atividades tipicamente femininas.
“Uma menina feminina é quase uma princesa. Já a menina mais moleca nem sempre é bem vista”, afirma Ana Paula. Mas a menina boneca também pode ser vítima de estereótipos e perder ótimas oportunidades de brincar como criança. Medo de se sujar ou de estragar um sapato novo se tornam impeditivos para vivenciar uma brincadeira com os amigos, por exemplo. “Não consigo ver quem pode sofrer mais ou menos. O importante é conseguir balancear a vida das crianças para que elas possam ter uma infância mais completa e feliz”, diz Yvanna Sarmet, psicóloga infantil.
Veja o que os especialistas consultados pelo Delas dizem sobre a questão da escolha de gênero na infância e se essa opção poderá ser um problema na vida da criança:

Boneca x espada
Motivo de insegurança de muitos pais, os brinquedos dão o que falar quando o assunto é gênero. No caso das meninas, o estranhamento vem quando a preferência é por uma bola ou um carrinho. Enquanto Suri adora levar bonecas a tiracolo e parece cuidar delas como uma mãe, Shiloh é quase sempre vista com brinquedos tipicamente masculinos, como uma espada.

Foto: Grosby Group/Brainpix
Suri dá colo a uma boneca e Shiloh se diverte com uma espada: para as crianças, brinquedos não têm gênero

“A nossa cultura adota padrões de características mais femininas ou masculinas e isso acaba direcionando as escolhas das crianças porque, em algum momento, a menina pegou algo azul e foi alertada que aquilo era de menino. Ela sente o preconceito e vai adequando seu comportamento”, afirma Yvanna.
Mesmo essa adequação de comportamento não vai tirar a curiosidade natural de uma criança por tudo que é novo. Longe de ser motivo de preocupação, os pais precisam entender que a experimentação por brinquedos do sexo oposto faz parte do desenvolvimento da infância. A criança não percebe diferença entre brincar de boneca ou de carrinho. “Não é a escolha de um brinquedo que vai determinar a sexualidade de ninguém. Isso é um mito”, diz Yvanna.

Vestido x gravata
Enquanto Suri desfila vestidos, casacos e sapatos como uma princesa, Shiloh opta por trajes masculinos, como gravatas e sapatos pesados. As escolhas de Suri são mais confortáveis aos olhos da sociedade, mas também podem ser rotuladas. “Shiloh pode enfrentar algum preconceito social porque a maneira que se veste é menos usual, mas Suri também é um extremo. Poderia ser estereotipada como uma ‘patricinha’”, analisa Yvanna Sarmet.

Foto: Grosby Group/Brainpix
Suri de bolsa e sapato alto e Shiloh de colete e gravata: rótulos de "patricinha" ou "moleca"

Assim como a gravata de Shiloh, o excesso de vaidade de Suri salta aos olhos. Batons, esmaltes e sapatos com salto alto são comuns na rotina da menina. Maquiagem e esmaltes podem ser resolvidos com o uso de produtos específicos para crianças, mas o uso do salto costuma deixar muitas mães de cabelo em pé. No entanto, se for ocasional, não há riscos.
“Idealmente uma criança não pode usar salto alto, mas se for apenas durante uma festinha ou em outro momento, esporadicamente, não deve causar nenhum problema. Não há um tamanho correto, mas se os pais percebem que a criança está andando torto ou esquisito significa que tem algo errado”, afirma Luiz Carlos de Andrade Junior, médico especialista em ortopedia pediátrica pela Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP).
Proteção x liberdade
A filha de Tom Cruise é vista sendo protegida pelos pais em diversas ocasiões, enquanto Angelina Jolie ensina seus filhos a andarem de mãos dadas, já que não tem colo suficiente para todas as crianças – ela tem seis filhos. “Existe diferença entre crianças que são o centro das atenções de uma família e outras que precisam dividir a atenção dos pais com os irmãos”, explica Yvanna.

Foto: Grosby Group/Brainpix
Suri é levada no colo, enquanto Shiloh anda sozinha, carregando os próprios brinquedos: proteção dos pais influencia no comportamento das crianças

Segundo Yvanna, o estilo de parentalidade influencia na maneira como as crianças vão se comportar. Permitir que os filhos tomem algumas decisões sozinhos e caminhem com as próprias pernas pode ajudar na construção de uma personalidade mais independente.

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