Basta as crianças começarem a pronunciar as primeiras frases para ouvirmos: "Manhê, compra pra mim?" " Manhê, eu quero esse!" E nós, adultos, diantes daquela voz doce, cedemos ao pedido sem qualquer reflexão sobre a real necessidade do produto.
Essa falta de reflexão e o fato de cedermos facilmente acontece porque estamos inseridos numa cultura consumista, no qual prevalece o ter para depois sermos alguém. Precisamos sempre ter o melhor telefone, o melhor carro, a melhor roupa para consequentemente sermos vistos pela sociedade como alguém bacana. A criança já vem ao mundo com toda essa carga e desde muito cedo passa a ser influenciada por essa cultura do ter. Portanto, o hábito de querer ter as coisas se inicia logo na primeira infância antes mesmo da criança falar.
Porém, há um grande problema em tudo isso, pois até os doze anos a criança não tem censo crítico para entender as propagandas e assim caem facilmente nas garras da publicidade consumista. Por isso, nós adultos temos que nos conscientizar e refletir sobre a cultura do consumo que estamos inseridos e assim, sermos mediadores entre as campanhas publicitárias e as crianças.
A criança não nasce consumista, é o meio em que ela vive e a cultura que faz dela uma pessoa consumista ou não. Então, é fato que todos nós somos responsáveis em contribuir na formação de crianças conscientes sobre o consumo. Porém são os pais e os educadores os mais responsaveis, ja que são os que mais convivem com as crianças. Para isso, temos que parar para analisarmos nossas atitudes frente ao consumismo. Será que compramos demais? Será que estamos sempre desejando alguma coisa sem ter necessidade? Lembre-se que somos modelos para as criancas e mais importante do que falar e aconselhar sao as nossas atitudes diárias.
Após nossa reflexão temos que investir em mudanças em nós mesmos e ao nosso redor, como por exemplo:
1- Já que a publicidade não mede esforços para vender e as crianças não têm maturidade para discenir isso, muitas vezes o melhor a ser feito é controlar o que eles assistem na televisão (pois este é o meio de comunicação mais usados pelas crianças no nosso país).
2- Evite fazer promessas com recompensas de dar algo de valor a criança como: "se você tirar boas notas, darei uma bicicleta nova." Ao invés disso invista em passeios com a família em parques, cinemas e outros, pois assim a crianca vai internalizando que o melhor da vida não está nas coisas materiais.
3- Estipule datas para presentear as crianças como: aniversário, natal, dia das crianças e outras datas que você julgue importante para seu filho. Faça um combinado com a criança e evite dar brinquedos em outros dias.4-Permita que a criança opine e escolha o que quer ganhar, pois ela também precisa aprender a fazer escolhas. Mas nunca encha ela de presentes. Dê uma opção de cada vez, assim ela internaliza que toda escolha há uma perda e que não é preciso ter tudo o que deseja para ser feliz e pleno.
Se aos poucos você ir conseguindo inserir seu filho numa cultura aparte, a cultura que você criou no seu lar, na qual o importante é SER: ser amigo, ser mais família, ser amoroso, ser estudioso, ser saudável...Consequentemente as crianças a sua volta internalizarão que para ser feliz não é preciso ter bens materiais e logo, serão adultos que consumirão com consciência e que valorizarão o que a vida tem de mais simples.
Ensine a criança a ser solidária desde cedo - A criança e a solidariedade: atitudes que começam cedo (CLICA AQUI).
Ana Paula Miessi Sanches - Psicologia Infantil
Concordo.
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